segunda-feira, maio 21, 2007

o respeitinho e o beijo na boca

Um professor de Inglês, que trabalhava há vinte anos na Direcção Regional de Educação do Norte (DREN) foi suspenso por ter feito um “comentário jocoso” (ou seja, por ter dito uma graçola) sobre a licenciatura de Sócrates.
Para quem não saiba, isto não sucedeu durante a própria Ditadura, que nunca perseguiu ninguém por um “comentário jocoso” sobre Salazar (ou, por maioria de razão, sobre Caetano). Tanto quanto me lembre, o “culto da personalidade” não chegava ao extremo absurdo a que chega hoje. Muita gente ostentava um desprezo público pelo regime e o seu chefe, sem consequências de maior; e duvido que a própria PIDE levasse muito a sério as centenas de histórias que constantemente corriam sobre o “insigne Presidente do Conselho” e sobre a sua governanta e criadora de coelhos, D. Maria.
Ontem e anteontem, Pacheco Pereira e José Manuel Fernandes falaram com indignação e tristeza do “ar que se respira” em Portugal: um “ar” de subserviência, oportunismo, intimidação e medo. Um “ar” que, segundo Pacheco Pereira, não se respirava no Portugal do século XIX e, segundo José Manuel Fernandes, não se respira agora em Inglaterra.
Não era preciso ir tão longe, não se respirava aqui, e há bem pouco tempo, nem com Mário Soares, nem com Jorge Sampaio. Os dois tinham aprendido à sua custa o preço da liberdade. A indiferença de Cavaco perante a transformação do poder democrático de Sócrates num autoritarismo que já nem se esconde ou se desculpa, dá implicitamente o beneplácito de Belém a qualquer abuso e vai contribuindo para calar e “alinhar” o país.
Fernando Charrua, o professor da DREN (por acaso, ou não por acaso, um militante do PSD) é o primeiro português condenado por um crime político, depois do “25 de Abril” ou, se quiserem, depois do “25 de Novembro” (...)

Vasco Pulido Valente,no Público de ontem.. Texto roubado na Cocanha.

Há umas semanas atrás, no Porto, os artistas da cidade foram convocados à pressa (os convites foram entregues por estafetas) para um jantar em Serralves com o José Sócrates. Carla Cruz, vestida de fato de macaco a dizer, artista local, levantou-se a meio do jantar e espetou um beijo na boca, um xôxo, ao primeiro ministro.
Alguém fotografou a cena para enviar a Margarida Moreira directora de DREN?

7 comentários:

madame M. disse...

ahahah, gostava de ter visto a beijoca !!

Rita Oliveira Dias disse...

HUmn, eu que não ia jantar com esse senhor. De qualquer forma durante a ditadura não se faziam graçolas sobre o Salazar e a Pide estragava a vida a pessoas por estórias idiotas. O Socrates é um ser execrável, atrás de bandeiras da esquerda(como a despenelização do aborto)está um governo de direita com laivos de ditadura.

zazie disse...

Pois essa é que é uma grande mentira.

Nunca se gozou tanto com o poder como na ditadura. Eu vivia e lembro-me bem.

As troças ao pai thomaz e à Gertrudes eram uma instituição pública. O Salazar também não escapava e, nos jornais e revistas como o Tempo e o Modo havia forte crítica e enorme liberdade que o politicamente da moda democrática matou.

Quando por cá passou o filme "Um homem para a Eternidade", no S. Luís, colocaram um cartaz enorme mesmo à entrada, a dizer: "em S. Bento o mesmo programa". E isto doi noticiado até pelas rádios.

Também me lembro de uma largada de porcos vestidos à marujinho com uma data de medalhas ao peito. Um gozo enorme ao Américo Thomaz.

Quem viveu a ditadura tinha um lema"é proibido proibir" e desconhecia esta ditadura do politicamente correcto onde só há sátira se for contra os "maus" os "facistas" porque o resto é intocável devido à tal superioridade moral de esquerda.

Vivem-se tempos de mentalidade mais mesquinha que se viveram na ditadura. Nós fazíamos tertúlias nos cafés e não havia uma única coisa sagrada. tudo era criticado. O ditador não se importava muito com estas coisas.

Não havia clubismo partidário. Esse é o grande mal. Hoje vive-se essa estúpida ideia que tudo se deve desculpar desde que venha dos "nossos filhos-da-puta.

E a geração dos filhos da democracia nunca aprendeu a dar valor à liberdade porque lhe foi dada de bandeija. Nunca souberam cuidar dela porque nunca lhes costou a ganhar.

Não sátira por cá a não ser a comprometida. A doutrinária- como é o caso dos Fedorentos com aquele cartaz de autêntica morte de sentido de humor, trocada por pedagogia do que se deve pensar.

E isto ainda está agora pior porque os mesmos que mandam há 30 anois, já chegaram à pior maleita da partidarite: a jotas no poder.

Só diz que não houve crítica e sátira na ditadura quem sofreu o apgamento de memórias dos "anti-facista". Temos um passado fabricado a favor de mitos do presente. Com pés de barro e maior hipocrisia porque se dizem pela liberdade enquanto os outros eram ditadura.

Valia a pena que as pessoas pegassem nos jornais dos tempos da ditadura e pegassem nas revistas e as comparasssem com esta sensaboria do presente.

O mal da ditadura era o respeitinho. Isso é verdade e a Alice disse-o muito bem. Mas esse respeitinho de pequenas mordomias mantem-se a até se tem agravado desde o 25 de Abril a esta parte.

Foi essa herança estrutural que agarram os que apanharam o poder e ainda por lá estão, mumificados e inúteis, na Assembleia.

Só quem viveu o PREC e as fogueiras de livros proibidos do Rui Grácio é que sabe a como também nasceu a grande ditadura de esquerda.

zazie disse...

Mas o VPV diz e bem, que isto nunca aconteceu com o Soares. Eu acho que já aconteceu com o Sampaio quando se achou acima da lei e fez aquelas palhaçadas para dar cobertura à vergonha dos camaradas envolividos no caso da Casa Pia.
Aí sim, foi quando se fecharam barreiras e o bloco central tratou de calar o bico à informação e até tirar liberdade à justiça. Hoje eles, amanhã nós, tem sido este lema de barbas-de-molho que dá cobertura a toda esta poltranice que se vive.

E o caso do Sócrates com o silêncio do Cavaco é mais um exemplo. O VPV termina o artigo a falar nisso. Eu é que não o postei na íntegra

Unknown disse...

VPV é um provocador. Certamente que nos anos 40,50,60 e 70 não se vivia num regime democrático e eram permitidas algumas veleidades , sobretudo nas décadas quentes 60 e 70 aos jovens de uma certa elite portuguesa para os manterem em banho maria...apesar dos distúrbios estudantis de 62 e 68 que comparativamente aos movimentos e acções ' lá fora' foram facilmente abafados e controlados. O que me preocupa com esta questão é o medo que se instala aos poucos entre nós. A falta de liberdade de expressar opiniões contrárias à instituída e o culto de personalidade de José Sócrates que é lamentável e perigoso, muito perigoso. A ministra de educação descarta-se do assunto através de um assessor, que diz que a responsabilidade é da directora de DREN que instaurou o processo sem ter que ser autorizado pela ministra.
Cá para mim o professor que chamou filho da p...ao engenheiro estava era a ocupar um cargo que devia estar prometido à prima ou cunhada da jovem directora da DREN e ao minimo deslize, foi de vez! Aposto que o cargo vai ser ocupado por um boy ou girl do novo partido neoliberal, chamado PS.
Não é comparável sequer ( que malta ligada ao Ps anda por aí a espalhar)à anetoda dos alentejanos com aluminio no bucho... o professor não é ministro e contou uma piada no seu gabinete à hora de almoço a 3 colegas, em privado...Big Brother is every where...

merdinhas disse...

...esse medo de que falas vai ter por ex. repercussões na greve geral ...ouvi-o da boca de várias pessoas..."se faço greve mandam-me mesmo embora..."

e não estou a fallar de países como os do presidente Hugo Chávez a acabar com a RCTV, que tem mais de 50 anos e 2.800 funcionários...foi por aqui mesmo....

D. Maria e o Coelhinho disse...

des Amor, com des Amor
se
paga!



D. MARIA