Excerto da entrevista ao vereador da cultural da CML, José Amaral Lopes na Artecapital.net.
P: Mas no caso da Bedeteca, que tem iniciativas com um reconhecimento internacional, não subsiste o problema de não haver um orçamento que lhe permita ter uma actividade regular? No caso do Museu da Cidade eu não me referia a ter exposições permanentes, mas temporárias com uma programação coerente…
R: O problema é que não vale a pena estarmos a fazer as coisas em cima do joelho. A Bedeteca e outros equipamentos têm de ser reorganizados, e quando se tem de estabelecer prioridades há essas falhas.
Em termos de necessidades da cidade hoje em dia, um decisor político e público deve estar atento a esta dinâmica. isto é, se a Câmara se fechar, se olhar só para o seu umbigo e para a programação autónoma, ficando alheia a tudo o que se passa à sua volta, alheia à dinâmica dos galeristas, dos criadores e das grandes exposições internacionais, poder-se-á dizer: “Tem a sua programação, está a fazer o seu papel”. Mas não está a responder à dinâmica da sociedade e da comunidade em que está inserida. Não deve olhar só para o bom funcionamento dos seus equipamentos do ponto de vista interno, mas ter capacidade de não inviabilizar ou, pelo menos, de não dificultar; deve facilitar, promover.
A conciliação desses dois objectivos, quando os meios não são suficientes para todos, dificulta a gestão de um ou de outro, por isso muitas vezes acontecem falhas. Tenho plena consciência de que há muita coisa que deveria fazer melhor, mas quando não é possível e temos de optar, depois de ouvir e de me reunir com muitas pessoas, incluindo os próprios agentes, tenho tomado decisões que, às vezes, são inevitáveis, porque o prejuízo é irrecuperável.
A mostra de colecções da própria Câmara, o estabelecimento de uma programação regular, mesmo que se atrase, tem tempo e nunca perde oportunidade de vir a ser concretizada. Mas o que é irrecuperável, porqu essas coisas não se repetem, é perder-se uma exposição internacional, perder-se a dinâmica do mercado, não estar atento àquilo que os agentes e o sector fazem, passarem os anos sem se dar resposta a isso.
(....)
A confinidade da Bedeteca, além do claro desinvestimento no equipamento, é sobretudo na indefinição de objectivos, de estratégias e de enquadramento da sua acção e programação nas directrizes gerais da área na cultura da CML.
Exemplo:
O problema dos livros de banda desenhada encaixotados, foi resolvido temporariamente, em cima do joelho ( para citar uma frase de José Amaral Lopes) transformando uma das salas de exposição em biblioteca, e será certamente o destino da outra sala de exposições quando os caixotes se multiplicarem de novo. A Ilustração Portuguesa foi extinta sem nenhuma explicação dos responsáveis políticos e sem nenhuma aviso da parte da coordenação, não foi só ao nível do investimento financeiro que a Bedeteca perdeu terreno, o mais grave foi a sua perda de autonomia e capacidade de decisão, relativas até a pequenos gestos como um envio de um e-mail explicativo sobre o que aconteceu à Ilustração Portuguesa.
Bedeteca vai sim, continuar a trabalhar em cima do joelho, ao sabor do que aparece, sem objectivos nem estratégias. A tentar apenas manter a cabeça de fora. E sei que não é pouco.
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2 comentários:
fala fala mas não diz nada... THC? mas droga-se?
Tudo aquilo que ele afirma que não se deve fazer 'mas ter capacidade de não inviabilizar ou, pelo menos, de não dificultar; deve facilitar, promover.', este vereador fê-lo, no que toca à ilustração e BD, dificultou e inviabilizou e só olhou para o seu umbigo....ensimesmou....
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