sexta-feira, setembro 01, 2006

rebuçados nos ouvidos

[...]vozes tão de gaze [...], sílabas de algodão que se dissolvem nos ouvidos à maneira de fins de rebuçado na concha da língua.

Se alguém teve uma bisavó, avó ou mãe do Movimento Nacional Feminino fica a saber que :

As senhoras do Movimento Nacional Feminino vinham por vezes distrair os visons da menopausa distribuindo medalhas da Senhora de Fátima e porta-chaves com a efígie de Salazar, acompanhadas de padre-nossos nacionalistas e de ameaças do inferno bíblico de Peniche [...].
Sempre imaginei que os pêlos dos seus púbis fossem de estola de raposa, e que das vaginas lhes escorressem, quando excitadas, gotas de Ma griffe e baba de caniche [...]


António Lobo Antunes, Os Cus de Judas, Edição Literária Lisboa: Vega, 1979

3 comentários:

Silvares disse...

O ódio pode ser tão belo quanto o amor de tão próximos que estão nas curvas das artérias que nos saem do coração.

Unknown disse...

Humm, o amor dentro das artérias. Nunca me tinha ocorrido...nas minhas correm vários e de vários tipos.

Silvares disse...

:-) às vezes dá-me para isto...